Todas as quartas-feiras a mãe do Phillip (o pai aqui da casa) vem jantar aqui. A Eleonor (a mãe) faz um jantar bom (!!) geralmente peixe com salada e sempre me convida. Eu gosto muito de jantar com eles, além de ser bom para o inglês, é sempre uma oportunidade da gente conversar, porque no dia a dia com as crianças nunca dá pra ter uma conversa tranqüila.
Na conversa, fiquei sabendo que a Eleonor teve o John aqui na casa, sem ir para o hospital, sem anestesia, nada, só uma enfermeira. (Pra mim isso é loucura total, mas enfim...) e que quando ela começou a entrar em trabalho de parto, o Phillip chegou e foi tomar banho. No que ele saiu de toalhas, a enfermeira já estava com ela, e ela falou “Phillip o que vc tá fazendo aqui de toalhas? Eu estou em trabalho de parto!!” Nisso, a enfermeira disse “ vc está meio nervosa, procure relaxar, que tal um banho quente?” Aí o Phillip disse: “Oh, eu acabei de usar toda a água quente”. OMG!!!
E depois que o John nasceu, ele ainda foi andar de barco. o.O Mas nisso, a Eleonor intervêm: mas ele só foi porque eu disse que tudo bem...
É sempre assim.. ela sempre defende, e fala das qualidades dele quando em algum ponto da conversa aparece uma atitude (horrorosa e insensível na minha opinião) como essa... Mas ele também sempre a elogia, e no jantar faz questão de servir a sobremesa, tirar a mesa, lavar toda a louça e guardar tudo. E sempre fala que o jantar estava delicioso.
Os plano deles é de aumentar o quintal para poderem ter espaço para um pomar. Além do playground que eles já têm. O legal é que eles combinam muito, gostam das mesmas coisas e dividem os mesmos planos. Dá pra perceber quando um casal tem mágoas e rancores um do outro, quando a convivência é uma coisa pesada e difícil, quase que suportada ao invés de curtida, mesmo com as dificuldades. Mas com eles, o que dá pra sentir, morando na mesma casa por três meses, é que apesar dos problemas (que eu realmente não sei quais são, eu digo que tem porque enfim, convivência é uma coisa difícil e todo mundo tem dificuldades, mas eles são absolutamente discretos com relação a isso) eles realmente gostam da companhia um do outro.
E a mãe do Philip – é uma vergonha eu nunca conseguir lembrar o nome dela - é um amor de pessoa e também se dá muito bem com todos. Eu acho que já disse isso, mas o que me encanta aqui é que as pessoas, de forma geral, cultivam hábitos simples. Eles gostam de caminhar, sentar num parque, ler um livro. Todos os lugares são públicos e as pessoas valorizam isso. Além do que, apesar da comida ‘turística’ser fast food, as famílias sempre se preocupam muito com a alimentação e a saúde de uma forma geral, de modo que é muito difícil ver irlandeses gordos. As adolescentes sim, é mais comum, mas nem as crianças e nem os adultos.
Ontem estava na aula de dança da Fiona e ela estava com uma amiga. Eu disse pra ela arrumar a saia porque dava pra ver barriga dela, e ela respondeu prontamente: Minha barriga não é grande! Eu não sou gorda! E ela não é mesmo gorda, não tinha nada a ver, mas eles têm um pânico de engordar que é ensinado desde a infância.
Tem coisas que os brasileiros acham esquisito aqui, como essa “obsessão”por ar fresco, esse hábito de ir andando ou de bicicleta pra todo lugar, mesmo no frio ou na neve, o hábito das crianças irem deitar bem cedo (entre 7 e 8h da noite), mas sinceramente: mal não faz. Muito pelo contrário. São valores que eu tenho aprendido aqui e quero levar pra toda a vida.
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